Residência Manacá

Ao nos depararmos com este terreno, nossa primeira intenção foi ouvir o que ele tinha a nos dizer. A topografia, com seu declive suave de três metros, e a presença marcante da mata preservada ao redor não eram obstáculos, mas sim os elementos que nos dariam o partido do projeto. A Residência Manacá nasce dessa escuta, de um desejo de pousar a arquitetura de forma delicada sobre a paisagem, estabelecendo um diálogo respeitoso e contínuo.

A implantação da casa se deu de forma a tirar o máximo proveito do declive. Buscamos uma solução que diluísse os limites entre a construção e o terreno, fazendo com que a casa se tornasse um mirante para a mata e, ao mesmo tempo, uma extensão dela. A arquitetura aqui não se impõe, ela se acomoda e busca pertencer ao lugar.

Estruturamos a vida da casa em dois pavimentos que se relacionam de maneiras distintas com o entorno. O pavimento térreo é o espaço da convivência, do encontro. Concebemo-lo como uma grande varanda, com planos de vidro que se abrem integralmente, permitindo que a área social se funda ao jardim e à paisagem. A ventilação cruzada e a luz natural, filtrada pela vegetação, ditam a atmosfera. A vida flui sem barreiras entre o dentro e o fora, uma premissa fundamental da nossa arquitetura tropical.

No pavimento superior, buscamos o recolhimento e a contemplação. As três suítes e o escritório se voltam para a tranquilidade da mata, enquanto o terraço se abre como uma janela para o horizonte, capturando a vista das montanhas. É um espaço que convida à pausa, a observar a passagem do tempo e a sentir a imensidão da paisagem.

A materialidade foi escolhida para reforçar essa conexão com as origens. A madeira, a pedra e as texturas naturais em tons terrosos não são meros revestimentos; são a própria essência da casa. Elas trazem o aconchego, o toque e a memória de uma arquitetura que tem raízes na nossa tradição construtiva, mas com uma linguagem inequivocamente contemporânea, de linhas puras e volumes que buscam a leveza.

A Residência Manacá é, em sua essência, a busca por um abrigo que é também passagem. É uma casa que se abre para a natureza, que respira com ela e que celebra, em cada detalhe, a beleza de um viver integrado, onde arquitetura e paisagem se tornam uma única e inseparável entidade.